
O racismo não é um ato, é um sistema construído historicamente
Atualizado em 20 de abr. de 2021 19h40
Publicado em 13 de abr. de 2021 19h45
Atualizado em 20 de abr. de 2021 19h40
Publicado em 13 de abr. de 2021 19h45
Racismo reverso não existe. Apesar de ser muito comum ouvirmos isso no nosso dia a dia.
Todo mundo sabe que existe o racismo, né? Mas muita gente ainda não entende muito bem como isso funciona, e as pessoas acabam levando isso pra uma esfera individual. Só que é importante que a gente entenda ele como um sistema que opera tanto com os indivíduos, mas também a despeito desses indivíduos.
Então, o que seria o racismo reverso? É justamente o racismo ao contrário, praticado de negros contra brancos. A própria ideia já é absurda, porque uma pessoa branca não perde o emprego só porque ela é branca, no Brasil; elas não são abordadas como "suspeitas" por atos criminosos; elas não têm a sua capacidade intelectual e de trabalho questionadas por serem brancas. Ao contrário: ser branco no Brasil traz muita vantagem.
Porém, como as pessoas entendem sempre o racismo nesse lugar individual, partem para esse princípio de culpa ("ah, mas eu sou o culpado pelo racismo?"), e não é bem por aí que a gente tem que entender as coisas... Porque o racismo não acontece só por uma expressão de um indivíduo, ou de um coletivo de indivíduos. O racismo acontece porque toda uma estrutura opera para que ele se perpetue, e isso é fruto de um processo histórico. Uma pessoa negra pode, por exemplo, passara a vida inteira sem ouvir uma ofensa racial e, mesmo assim, ela vai ter menos possibilidades e menos perspectivas apenas por ser negra. Isso porque, por se tratar de uma estrutura, todas as esferas da sociedade o reproduzem.
Assim, o racismo não é um ato. É um sistema que foi construído historicamente.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Onã Rudá é nordestino, filho de Odé, ativista antirracista e LGBTQIAP+. Ele também é midiativista e fundador da Torcida LGBTricolor, do Bahia.
Instagram: @onaruda2