
Não há desenvolvimento social sem investimento em educação e pesquisa
Atualizado em 27 de out. de 2021 16h26
Publicado em 27 de out. de 2021 16h20
Atualizado em 27 de out. de 2021 16h26
Publicado em 27 de out. de 2021 16h20
Foto: ilustrativa/Pexels
Considero a educação a principal ferramenta para alcançarmos um país mais justo, desenvolvido e equilibrado. Ainda que cada pessoa procure melhorias à sua maneira, o caminho para o crescimento de uma sociedade sempre passará pela busca do conhecimento. Seja para empreender abrindo um pequeno negócio, se desenvolver enquanto ser humano ou para criar novas tecnologias digitais, sempre buscaremos o conhecimento para evoluir.
Não é incomum, por exemplo, vermos notícias relatando que países desenvolvidos apostam na evolução de suas nações através da garantia de uma educação de qualidade que tenha como pilares: a valorização do professor, incentivo à pesquisa e investimentos em boas estruturas. Mas, infelizmente, essa não é uma prática muito comum por aqui.
Neste mês de outubro, o Congresso Nacional aprovou um projeto que retira recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que seriam destinados a bolsas e apoio à pesquisa. Sabemos que o país passa por um momento economicamente complicado por conta da pandemia e de más administrações federais, tanto a atual como as anteriores, o que faz com que as reduções de verbas em diversas áreas possam até ser compreendidas em certa medida.
Porém, é completamente chocante saber que esse corte de verbas ao MCTI representa 92% dos recursos destinados aos incentivos à pesquisa neste ano. Serão R$690 milhões a menos que acarretará em cortes de bolsas de estudos e em suspensão de pesquisas já iniciadas. Pesquisas essas que, muito provavelmente, ajudariam na construção de políticas públicas, desenvolvimento tecnológico, avanços na saúde e em outros setores cruciais para o progresso do nosso país.
Não é minimamente razoável que reduções tão grandes de verbas sejam realizadas em áreas vitais para o Brasil. Em países que têm a educação como uma de suas prioridades, eu tenho certeza que ninguém se atreveria a cortar o orçamento de pesquisas, interromper o pagamento de bolsistas de mestrado ou doutorado sem critérios e justificativas claras.
Me antecipo e digo: ainda que tentem justificar esse corte de verbas como uma necessária redução de custos para a saúde econômica do país, alerto que essa seria uma alegação que não faz sentido diante da destinação de recursos para interesses puramente eleitorais, por exemplo. E digo isso porque, ao mesmo tempo em que o governo corta R$690 milhões que seriam investidos na busca por conhecimento, anuncia também que irá conceder auxílio a caminhoneiros que custará cerca de R$4 bilhões aos cofres públicos.
Não me oponho a programas de assistências para aqueles que mais precisam, mas desde que sejam projetos planejados dentro de um programa de governo que considere realmente quais são os reais problemas a serem solucionados para o bem em comum e não de maneira aleatória como foi apresentado esse auxílio a caminhoneiros. E, diante de tudo isso, a nossa educação é colocada de lado em detrimento de interesses puramente eleitorais ou por puro descaso.
Se queremos colher melhorias no futuro, precisamos priorizar aquilo que é fundamental hoje. E o financiamento pela busca do conhecimento é crucial para fazermos o Brasil avançar. É através do incentivo à pesquisa e da busca contínua por novos saberes que podemos nos desenvolver enquanto sociedade e transformar realidades injustas que estão à nossa volta. A cada pesquisa que é descontinuada ou programas de estudos que são suspensos, nosso país deixa de dar um passo para um futuro de crescimento.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Ativista pela redução das desigualdades, filha mais velha de quatro irmãos e fundadora do Move Bahia. Essa é Isabela Sousa, uma jovem de Campinas de Pirajá que cresceu sentindo na pele as dificuldades de uma realidade periférica de Salvador. Hoje, é uma formanda em Direito que sonha pela igualdade de oportunidades e tem a educação como pilar das transformações que a sociedade precisa. Aos 25 anos, Isabela já foi embaixadora do movimento Mapa Educação, é Líder Estadual do Movimento Acredito e representou o Brasil no maior congresso de jovens líderes do mundo, o One Young World, em Londres.
Instagram: @isabelasousaba