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10/01/2022 15h43 | Atualizado em 10/01/2022 20h25

Cuidar do futuro é cuidar das crianças

Cuidar do futuro é cuidar das crianças
Isabela Sousa
Foto: ilustrativa/Pexels

 

Quando criança, eu sempre tive meus pais como as primeiras grandes referências da vida. Sempre foram de uma atenção imensa para que eu buscasse caminhos que me levassem a uma realidade melhor do que aquela que eles tiveram. O mais comum para toda criança é que pessoas próximas, sejam familiares, amigos ou vizinhos, se tornem guias para seus passos iniciais, e meus pais sempre foram esses guias.

Então, foi nesta perspectiva, mesmo com todas as dificuldades, que cresci, me desenvolvi e pude alcançar espaços muitas vezes impensados para milhares de crianças periféricas como eu. Acredito que um ponto importante nessa caminhada é que a cada fase fui tendo acesso a novos mentores que extrapolavam a percepção de mundo que tinha ao meu redor. 

Essas referências só surgiram para mim porque, com muito esforço, existiu um investimento na minha formação educacional. Além dos meus pais terem feito o possível e o impossível para que tivesse acesso a redes de ensino de uma melhor qualidade, eu pude participar de programas públicos que estimularam a minha ambição em avançar e não desistir de superar desafios. 

Entretanto, esse não é um quadro acessível para todas as crianças. Infelizmente, vivemos em um país de grande desigualdade social e que investe mal nas gerações do futuro.  E é essa infeliz realidade que precisamos alterar para que nossas crianças não percam o brilho da infância e consigam trilhar caminhos transformadores em cada fase de suas vidas.

Sou moradora de uma comunidade periférica de Salvador e vejo de muito perto as dificuldades extremas que muitas crianças vivem por aqui. Durante a adolescência, quando acabei de concluir o ensino médio, conheci uma jovem de uma periferia de São Paulo que também vivenciava esse cenário difícil e contrariou as estatísticas para alçar voos mais altos. Essa jovem chama-se Tábata Amaral e hoje é uma Deputada Federal que luta por mudanças. Uma mulher forte que me inspirou desde o primeiro contato e inspira muitos outros jovens a alterar nossas realidades.

Atualmente, apesar de jovem ainda, me sinto mais experiente. Olho à minha volta e percebo o quanto podemos ser referências e orientar nossas crianças mesmo com todos os contratempos estruturais. Por isso, mesmo sabedora dos problemas de uma sociedade desigual, sei também o quanto podemos ser guias para aquelas crianças que estão à nossa volta. 
Muitas vezes, são em pequenas ações que podemos incentivar nossas crianças à leitura, a se dedicar no estudo, esporte e afins. Essas atitudes podem abrir um mundo de novas percepções e mudar completamente o destino de crianças que precisam tanto de um olhar mais cuidadoso.

Ou seja, ainda que tudo se mostre muito difícil e a conjuntura nos diga que pouco podemos fazer, não podemos deixar nossas crianças à mercê da própria sorte. Dentro da medida do possível, sejamos nós a mudança que queremos para alterar esta realidade injusta. Não deixemos de lutar por mudanças nas políticas públicas que concedam mais investimentos na formação desses jovens. Assim como, não devemos deixar de auxiliá-los e sermos referências.

Portanto, nesse dia das crianças, o meu desejo é que tenhamos um olhar mais atencioso para todas meninas e meninos, seja para construir e cobrar melhorias governamentais ou para sermos parâmetros com cada ato que demonstramos em nosso dia a dia. Para nossas crianças serem a geração do futuro, elas precisam desse cuidado hoje! 

Publicado originalmente no dia 12 de outubro de 2021.

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.