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27/04/2021 00h00 | Atualizado em 26/04/2021 22h18

Coronavírus, bicicleta e economia

Coronavírus, bicicleta e economia
Isaac Edington

Estamos passando por um momento dramático por conta da pandemia, que tem afetado diversos aspectos sociais, interferindo diretamente em nosso comportamento, no acesso aos serviços de uma maneira geral, na economia, nas relações familiares e por aí vai. 

Em termos de comportamento, podemos afirmar que a bicicleta, neste cenário, ganhou um destaque especial. A bike se tornou uma grande aliada em todo o mundo. O uso individual do transporte, assim como a facilidade na higienização, a torna o meio de transporte mais seguro do momento, seja para se locomover ou para se exercitar, em tempos onde o mais importante é evitar aglomerações. É por isso que neste momento a bicicleta se associa às estratégias de distanciamento físico e aos protocolos de higiene recomendados, inclusive pela OMS. 

O poder da bicicleta é incrível. De 2013 para cá, o uso deste meio de transporte tem crescido exponencialmente em nossa cidade. Podemos apontar muitos fatores que gerou isso, mas acredito que o principal foi a criação do Movimento Salvador Vai de Bike, um amplo conjunto de iniciativas de estímulo ao uso da bicicleta, que associado aos investimentos de infraestrutura viária iniciados na gestão do prefeito ACM Neto, fazem as bikes chamarem cada vez mais atenção nas ruas da cidade. 

E devido às mudanças no cenário da bike dentro da capital baiana, Salvador ocupa posição de destaque hoje no cenário nacional. As magrelas estão por toda parte. Apenas para citar o uso das bicicletas compartilhadas, do projeto Bike Salvador (as famosas “laranjinhas”), segundo levantamento recente, ao comparar os meses de janeiro de 2020 e janeiro de 2021 foi percebido um aumento de 71% nas viagens realizadas, enquanto o número de usuários aumentou em 74%. Temos mais de dois milhões e seiscentas mil viagens acumuladas no sistema. A bicicleta, de uma maneira geral em Salvador, tem sido utilizada tanto pelo cidadão comum como tem sido veículo de logística para entregas de diversos tipos de produtos – viabilizando oportunidades de geração de renda à população. 

Com essa demanda urgente e necessária, nós, do Movimento Salvador Vai de Bike, lançamos, em plena pandemia, o Bike Comunidade – projeto no qual as bicicletas são disponibilizadas para as comunidades e utilizadas pela população para transporte de entregas, por trabalhadores que precisam utilizar para chegar aos locais de serviço, para as compras domésticas, entre outras diversas atividades. Aliás, os “negócios da bicicleta” também estão crescendo exponencialmente.  

A bicicleta gera desenvolvimento econômico, sim, e em tempos de pandemia ganhou uma força ainda maior. Segundo dados da Aliança Bike, o setor fabril e o varejo de bicicletas no Brasil criaram 2.063 novos empregos com carteira assinada em 2020. Em 2021, o saldo também é positivo: 725 novas vagas apenas em janeiro e fevereiro. Os dados inéditos foram tratados pela Aliança Bike com base no CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia. Certamente, os impactos econômicos são ainda maiores, não detectados pelos sistemas oficiais existentes devido à informalidade. Mas, de fato, o setor vive um momento único. 

Acreditamos que a bicicleta vem ganhando seu merecido espaço e tenho convicção de que quanto mais bicicletas nas ruas mais qualidade de vida para as cidades, para as pessoas, para a economia. Inclusive neste momento de crise – que sequer tínhamos ideia que iríamos enfrentar -, a bicicleta acabou “crescendo”.  Portanto, se você foi “contaminado” pela magrela, busque pedalar de forma segura, use máscara, evite aglomerações, leve seu álcool para higienização constante, faça o que precisa ser feito e volte para casa. 

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.