
Liderança e tartarugas nas árvores
Atualizado em 13 de jul. de 2022 22h37
Publicado em 13 de jul. de 2022 18h00
Atualizado em 13 de jul. de 2022 22h37
Publicado em 13 de jul. de 2022 18h00
Foto: ilustrativa/Pexels
O que liderança tem a ver com tartarugas?
A questão é a seguinte: Como uma tartaruga foi parar em cima da árvore?
R – Porque alguém a colocou lá, afinal, tartaruga não tem competência para subir em árvores.
Considerando a resposta acima, já dá para imaginar o que vamos discutir. Vamos falar um pouco sobre o que não fazer no exercício da liderança. Peço permissão a vocês para usar um pouco do lúdico neste texto e passear pelo mundo animal em alguns momentos.
O problema de uma tartaruga estar em cima da árvore é que ela não tem a menor ideia do que fazer depois que está lá! Ela nem sabe como chegou, aliás, sabe que foi colocada lá, mas agora, danou-se. Como vai buscar comida? Como vai saciar sua sede? Como suas pernas curtas conseguirão se equilibrar em galhos mais finos? E uma das cruciais questões: como dará conta de sua cria, no alto de uma árvore?
Agora, antes de responder a estas questões, voltemos à outra: por que colocamos a tartaruga em cima da árvore? Aí, a porca torce o rabo e as coisas se complicam!
Por vezes, um dos motivos de se colocar a tartaruga na árvore é a insegurança de quem tomou a decisão. Talvez a necessidade de controle seja tanta, que ter uma frondosa águia cuidando da árvore assuste quem não possui o talento de tão preciosa ave. Então, se coloco uma tartaruga, mantenho o controle do “meu pedaço”.
Em outros casos, gostamos muito das nossas tartarugas. São nossos melhores colegas, fazem o operacional de maneira brilhante, são confiáveis e até gente boa mesmo. Mas, liderança não é feita apenas de competência operacional e carinho pessoal. É bem mais que isso. A cada subida de galho, o operacional vai perdendo espaço para que o estratégico, o comercial, a influência, assumam os rumos das ações diárias do líder. Isso requer um perfil específico, aprendizado e investimento do líder em desenvolver seu liderado, mas ele precisa reconhecer que a pessoa está pronta para a mudança.
Estava assistindo ao desenho Kung Fu Panda e já que estamos no reino da bicharada, a frase dita pelo ratinho que é o mestre é bastante assertiva na nossa conversa. Em determinado momento, ele diz ao Panda: “Eu não posso obrigar uma árvore a dar flores quando me convém nem dar frutos antes da hora”. E prossegue: “Mas, posso guiar, treinar e acreditar. Só preciso acreditar.”
Se assistiram ao desenho, deverão recordar que o urso se revelou um grande talento, apesar de inicialmente desacreditado, mas, teve que passar por árduo treinamento e possuía, no seu interior, as competências necessárias para assumir sua missão.
Os riscos de se colocar uma tartaruga no alto da árvore são enormes para a floresta. Os outros animais podem se sentir inseguros, desprotegidos e injustiçados! Lá se foi a felicidade de produzir diariamente e cuidar da sua toca da melhor forma possível, afinal, quando um grande predador chegar (fusões, cisões, baixos resultados financeiros, dificuldades técnicas, negociações sindicais, dentre outros), eles sabem que estão desamparados.
E vão embora! Olha nosso capital intelectual indo bater em outras portas, em outras florestas.
Portanto, se você é líder, por mais que goste das suas tartarugas, se me permitem a sugestão, não as coloquem em cima de árvores. Irão complicar todo reino animal! E se você, meu amigo, minha amiga, é uma tartaruga no assunto liderança, não insista sem o devido preparo, além de poder complicar a vida de outras pessoas e da empresa, não há, em liderança, o passo caranguejo. Se você não der certo, perderá tudo que de maneira digna conquistou, por não estar preparado. 100% prontos, nós nunca estaremos em nada nesta vida, mas não dá para fazer como criança mimada, bater o pé e dizer que quer porque quer. Vá à luta, qualifique-se! Aí, em condições de bater asas, você vai voar. Ou não! Você vai organizar toda a vida das tartarugas, naquilo que sabe fazer melhor e que mais gosta, aproveitando todos os seus talentos.
Preciso fazer uma importante consideração. Todos nós somos tartaruga em alguma coisa, por isso o autoconhecimento é essencial. Entre querer a promoção e poder ter a promoção, passamos pelo caminho do aprendizado, da confiabilidade, da entrega de resultados sólidos, consistentes e acima de tudo, da capacidade de construir estes resultados ao lado de outras pessoas, de inspirá-las a tal. Não se trata de satisfazer caprichos pessoais. Não há espaço aqui para o “gogó”, para uma prática que não condiz com o discurso.
Precisamos lembrar que deixamos marcas nas pessoas que cruzam nossos caminhos na condição de líderes e marcas que irão atingir todas as pessoas que cruzarem os caminhos dos nossos liderados.
Portanto, já que ludicamente hoje utilizamos o reino animal, nada melhor que finalizar com “cada macaco no seu galho”. Uma semana especial a todos vocês e felizes realizações no habitat de cada um. Na nossa floresta, no nosso jardim, na nossa horta, no nosso lar, nas nossas vidas!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Sócia-diretora da Arttha Gestão & RH, também é pedagoga, mãe, escritora, líder, semente, semeadora e profundamente apaixonada pela vida.
Instagram: @artthaoficial