
A simplicidade e a sabedoria do óbvio
Atualizado em 30 de mai. de 2022 20h42
Publicado em 30 de mai. de 2022 20h40
Atualizado em 30 de mai. de 2022 20h42
Publicado em 30 de mai. de 2022 20h40
Foto: Lucas Lima/UOL
“Não acredito que estejamos em crise. Não precisamos do externo para nos fortalecer, tudo está dentro de nós. Todos somos encantados. Estamos deixando o encantamento de lado, a degradação vem daí”.
O pensamento acima, ou provocação, é de Pai Francisco de Oxum, mestre espiritual que participou de evento promovido pela Youpper Insights, em 2019, quando a agência completou três anos de atuação.
No dia 21 de maio deste ano, ele, que foi um dos maiores entusiastas e defensores das tradições africanas no Brasil, partiu para outro plano.
Muito mais do que um babalorixá, João Francisco de Lima Filho era um sábio. Alguém que aprendeu com os altos e baixos da vida, com as conquistas e as perdas, que a generosidade e a humildade são dois dos melhores predicados que alguém pode ter nesse mundo.
Nas inúmeras conversas que tive com ele durante o nosso período de convivência, um assunto recorrente era o poder da espiritualidade em nossas vidas, seja no âmbito pessoal ou profissional. E quando falávamos de espiritualidade, não era sobre religiões – algo que as pessoas ainda hoje confundem muito.
Espiritualidade tem a ver com o nosso equilíbrio físico, mental e emocional e, principalmente, como alcançamos esse equilíbrio e nos mantemos constantes mesmo em situações que nos desafiam.
Aliás, o que mais tivemos nesses anos de pandemia foram situações que nos desafiaram de todas as formas. E Pai Francisco de Oxum sempre tinha uma palavra reconfortante para dizer, não algo filosófico – pois, muitas vezes, trazemos dentro de nós que algo transformador precisa ser mirabolante, altamente criativo e nunca visto ou dito por ninguém. Para quem crê nisso como uma verdade absoluta, sinto dizer que, vez ou outra, precisamos ouvir o óbvio para que algo faça sentido. Quantas e quantas coisas não são do nosso conhecimento, mas quando escutamos o mesmo saindo da boca de outra pessoa parece que uma chave vira na mente e, como num passe de mágica, algo passa a fazer todo o sentido?
Pai Francisco tinha de tudo um pouco: reflexões profundas, criativas e inéditas, mas também a simplicidade, a humildade e a sabedoria do óbvio.
Quantos dilemas do nosso cotidiano poderiam ser simplificados se parássemos para refletir sobre essa frase: “não precisamos do externo para nos fortalecer, tudo está dentro de nós”. Isso parece óbvio, não? Mas porque é tão difícil fazer valer em nossas vidas?
Talvez porque olhar para dentro de si seja uma viagem que não estamos preparados. Para entender que tudo está dentro de nós, é preciso, em primeiro lugar, descobrir quem somos. E certamente esse processo não será decorado apenas com flores, pôneis e algodão doce.
Para sermos pessoas melhores para o mundo, é preciso passar por um processo de compreensão de quem se é, do se pode oferecer, de qual o nosso verdadeiro papel nesse mundo e, principalmente, qual a nossa responsabilidade com a gente mesmo. Outro pensamento óbvio e que escutamos pelos quatro cantos, mas me diga se não é real: “para auxiliar o próximo preciso estar bem comigo mesmo”.
Mas o que seria esse estar bem? Quais valores, bens, pessoas, ideias, ações você considera essenciais em sua vida cotidiana?
Era em torno disso e de outros pensamentos que giravam as “provocações” de Pai Francisco. Sentirei falta. Mas, com ele, aprendi a fazer minhas próprias provocações e entender que o óbvio pode me levar além.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Apaixonado por gente pelo BrasiS, Diego Oliveira é fundador e CEO do Grupo Youpper Consumer & Media Insight. Expert in Consumer & Media Insights, é publicitário e mestre em comunicação pela Cásper Líbero, especialista em gestão de projeto pela FGV, professor e supervisor universitário na ESPM nos cursos de Publicidade e Propaganda. Ele também é curador dos GT's da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) Bahia.
Instagram: @diegoyoupper