
É possível tratar a dor lombar durante a gravidez
Atualizado em 21 de out. de 2021 17h49
Publicado em 21 de out. de 2021 17h40
Atualizado em 21 de out. de 2021 17h49
Publicado em 21 de out. de 2021 17h40
Crédito da foto: ilustrativa/Pexels
A dor lombar é um problema musculoesquelético significativo durante a gravidez com potencial de afetar negativamente a qualidade de vida da mulher. Estudos demonstram que a prevalência estimada de lombalgia na gravidez é de 30 a 78%. Um terço das mulheres com dor lombar relata dor intensa, entretanto, uma proporção significativa destas não procura atendimento para sua dor. Estes dados são preocupantes, pois a dor lombar está associada a redução do engajamento social, a alteração do padrão do sono, a perda da mobilidade, da produtividade e do desempenho sexual. Muitas das mulheres com lombalgia experimentam seu primeiro episódio de lombalgia durante a gravidez.
Apesar dos efeitos incapacitantes da lombalgia na gravidez, esta geralmente não é tratada e é considerada normal, uma queixa inevitável deste período da vida da mulher. Compreender a prevalência e os fatores de risco para lombalgia durante a gravidez e suas associações com as atividades da vida diária é fundamental para modificar os dados atuais. A causa exata da lombalgia na gravidez é pouco conhecida, muitas vezes considerada de natureza multifatorial e associada a alterações biomecânicas, vasculares e hormonais durante a gestação.
Alguns fatores de risco têm sido discutidos, tais como trauma pélvico, idade jovem, multiparidade, lombalgia crônica e história de lombalgia na gravidez anterior. Só através de um atendimento pré-natal cuidadoso será possível identificar estes elementos e principalmente quais as mulheres propensas a desenvolver dor lombar e atuar de forma preventiva neste contexto.
Existem diferentes propostas de prevenção, sejam elas primárias ou secundárias. Dentre as medidas primárias, encontra-se a educação da paciente no que diz respeito ao autocuidado envolvendo a alimentação e a prática de atividade física orientada. A prevenção secundária representa o tratamento precoce da dor lombar, evitando desta forma o sofrimento e o desconforto da gestante. Sabe-se que o tratamento da dor envolve a utilização de estratégias farmacológicas e não farmacológicas. As medidas farmacológicas envolvem a administração de analgésicos, muitos dos quais não são recomendados durante a gestação.
Os riscos à saúde associados ao uso de alguns medicamentos na gravidez são bem documentados e representam problemas relacionados ao feto e a evolução da própria gestação. A automedicação neste contexto torna-se um problema ainda maior. É preciso que a condução da dor durante a gestação seja orientada por uma equipe especializada, formada pelo obstetra, pelo algologista e por diferentes profissionais da área de saúde.
Intervenções não farmacológicas, como acupuntura, microfisioterapia, manipulação de tecidos moles, educação postural, exercícios de estabilização e estimulação elétrica nervosa transcutânea, são consideradas eficazes no tratamento da dor lombar durante a gravidez e são recomendadas como primeira linha para o tratamento de lombalgia na gravidez. Nos casos refratários, encontra-se indicada a realização de bloqueios analgésicos. Apesar das técnicas disponíveis o sofrimento da gestante com dor lombar ainda é algo preocupante. Só através de uma abordagem integrada e de um olhar proativo será possível modificar esta realidade.
A escolha deste conteúdo para a coluna desta semana ocorreu em função da observação de que setembro é o mês de comemoração do dia mundial de segurança do paciente, o qual tem por tema este ano, a gestação e o parto seguro e respeitoso.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Dra. Anita Rocha é médica Algologista , coordenadora do Itaigara Memorial Clínica da Dor, membro titular da Sociedade Brasileira de Anestesiologia; da Sociedade Brasileira de Dor e da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas da Dor. Possui residência médica em Anestesiologia pelo CET Obras Sociais Irmã Dulce; em Clínica da Dor pela UNESP-Botucatu e formação em Técnicas Intervencionistas para o tratamento da dor na Singular/Campinas.
Instagram: @draanitarocha