O que as recentes questões envolvendo nazismo e violência infantil possuem em comum?
Foto: ilustrativa/Pexels
Quando falo sobre violência infantil nas palestras ou no @paivemca, sempre surge alguém com a seguinte frase: "cada um sabe como cuida do seu próprio filho!"
Essa ideia de que os pais possuem uma espécie de "carta branca" para aplicar livremente suas regras na criação dos filhos é um equívoco que só faz sentido para quem ainda não enxerga as crianças e adolescentes como indivíduos. São os famosos ditadores parentais!
Na condição de indivíduos, as crianças e adolescentes possuem direitos, o que, por si só, termina por impor aos pais um certo limite de atuação.
Levando em consideração seus direitos básicos e a vulnerabilidade desse grupo social, os pais não devem praticar atos de violência, negligência e abandono, devendo garantir segurança, saúde e educação.
Logo, existe um limite legal para a atuação dos pais e mães. Quando ultrapassado esse limite, estes podem vir a ser penalizados civil e penalmente pelos seus atos. Um pai (ou mãe) pode vir a perder o próprio poder parental sobre o(a) filho(a) caso fique provado o risco para a criança, por exemplo.
Na criação dos filhos também vale a ideia de que o nosso direito acaba quando começa o direito do outro.
Naturalizar a agressão gera um eterno ciclo de violência.
Mas o que isso tem a ver com as recentes notícias sobre pessoas que defendem a liberdade de expressão de ideias n@zist@s?
A questão é idêntica! Precisamos frear esses projetos de ditadores que pretendem fazer com que suas ideias se sobreponham ao direito alheio, de modo a ferir e oprimir o outro, desconsiderando contextos históricos e a própria vulnerabilidade social.
Ninguém possui o direito pleno de sair por aí falando o que der na telha! Tampouco fazer apologia a um crime, distribuir fake news ou ofender pessoas, instituições e o regime democrático.
Isso não faz parte do que a norma constitucional entende como liberdade de expressão! Isso é considerado como abuso do direito de expressão e merece ser severamente punido!
Se não frearmos os ditadores que existem em cada um de nós, seja na família, seja na sociedade, o resultado é a opressão e subjugação.
Defender a liberdade de expressão de modo absoluto é o mesmo que defender a liberdade de violentar ou ofender impunemente alguém.
Liberdade de expressão não pode ser confundida com liberdade de opressão.
Não levar em consideração o outro e o direito desse outro no trato social é uma espécie de perversão e precisamos estar atentos a isso, tanto na família quanto na própria sociedade!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.