O processo de divórcio com filhos exige disposição para somar
Foto: ilustrativa/Pexels
Assistindo ao jornal me deparei com uma cena grotesca, na qual um pai, com seu filho no colo, entra numa luta corporal com a mãe da criança. Segundo a notícia, o motivo da briga seria o fato do pai discordar do tempo estabelecido para seu convívio com a criança.
Analisando a cena para além da trágica violência, vale questionar: o que exatamente esse pai julga carregar no colo? O que a criança representa para esse casal, que briga pela posse daquele "objeto"?
O violento esforço para manter a posse sobre essa criança permite concluir que naquela cena há muito mais do que uma criança nos braços do pai.
Nos processos de separação de "casais com filho" é comum que o investimento emocional dos pais seja direcionado para essas crianças, que são postas na dura condição de objeto de desejo dos pais.
Nesses casos todo o vazio, o medo, toda a fúria, a ansiedade, a incerteza do amanhã, a esperança, tudo ou praticamente tudo é deslocado para os filhos.
Logo, quanto mais tempo esses pais passam com aquele "objeto" nos braços, menos se defrontam com sua própria angústia.
Então, se você vive uma realidade parecida, há de se perguntar: que porção da minha angústia estou colocando em meu filho(a)? A minha angústia está interferindo nas minhas decisões? A luta para ficar próximo a esse filho(a) atende a que desejo? Estou conseguindo enxergar meu filho(a) como indivíduo ou apenas os meus interesses?
Tais perguntas são cruciais para trilhar um caminho de equilíbrio emocional na criação dos filhos, estejamos casados ou não.
A regra salomônica dos dias atuais exige mais disposição para SOMAR, sem tanta preocupação com o dividir. Mas isso não vem de graça, não sem antes haver um exercício corajoso de olhar para si mesmo e para o filho que carrega no colo.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.