Cidadania

Por que a Bahia é o estado mais violento do país pelo 3° ano seguido?

Colunista On: Isabela SousaAtivista pela redução das desigualdades e fundadora do Move Bahia
Por que a Bahia é o estado mais violento do país pelo 3° ano seguido?

Fonte: ilustrativa/Pexels

 


Não é a primeira e nem a segunda. É a terceira vez que a Bahia tem o maior número de mortes violentas do Brasil. Em números absolutos, o estado contabilizou 5.099 mortes violentas (homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) em 2021. Ou seja, mais um ano de muito medo, insegurança e luto vivenciado pelos baianos.


Infelizmente, quando o assunto é violência, a Bahia consegue ficar a frente de estados mais populosos como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. E diante disso, ficamos nos perguntando como isso é possível? Como é possível que um estado de menor população entre esses citados e que enfrenta problemas semelhantes se torne o local mais violento de todo o país?


A realidade é que esse cenário de violência é o mais claro reflexo de um estado que amarga índices negativos em diversos setores sociais há anos. E digo isso porque, além de uma política de segurança pública ineficiente, chegamos a este caos devido a vários outros fatores de precariedade social que vem se arrastando ao longo das últimas duas décadas na Bahia.


Toda essa situação que presenciamos atualmente por aqui é fruto de uma gestão estadual que negligencia políticas públicas em setores cruciais para o bem estar dos baianos. Digo isso por entender que a segurança pública é resultado da cooperação entre saúde, educação, economia e cultura. E, infelizmente, os indicadores desses setores na Bahia não são nada positivos.


Quando verificamos os índices da educação baiana, percebemos que temos um dos piores ensino médio do Brasil, ficando à frente apenas do Pará e Amapá, segundo o IDEB de 2019. E, junto a isso, a Bahia amarga a segunda pior taxa de desemprego do país, de acordo com dados do IBGE de 2021.


Em locais de marcadores sociais tão negativos, com uma má qualidade de ensino, alta taxa de desemprego e tímida promoção da cultura, por exemplo, a tendência é que a violência tome conta. Não há como uma sociedade prosperar quando não existem incentivos reais para o desenvolvimento. 


Posso afirmar com toda certeza: não é possível ter uma Bahia sem tanta violência com marcadores sociais tão negativos como estes que temos. Sem educação, geração de emprego, boas condições de saúde e estímulos para a cultura não há promoção da cidadania, geração de oportunidades e bem estar social.


Ou buscamos o caminho da reformulação desse modus operandi estadual que já leva mais de 15 anos, ou, lamentavelmente, estaremos fadados a seguir esse roteiro de terror que leva milhares de famílias baianas ao luto pela perda de um ente querido. E, sinceramente, não dá mais para aceitarmos que a violência e tudo que a promove tome conta da Bahia desta forma.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Isabela Sousa

Isabela Sousa

Ativista pela redução das desigualdades, filha mais velha de quatro irmãos e fundadora do Move Bahia. Essa é Isabela Sousa, uma jovem de Campinas de Pirajá que cresceu sentindo na pele as dificuldades de uma realidade periférica de Salvador. Hoje, é uma formanda em Direito que sonha pela igualdade de oportunidades e tem a educação como pilar das transformações que a sociedade precisa. Aos 25 anos, Isabela já foi embaixadora do movimento Mapa Educação, é Líder Estadual do Movimento Acredito e representou o Brasil no maior congresso de jovens líderes do mundo, o One Young World, em Londres.

Instagram: @isabelasousaba

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