Não há desenvolvimento social sem investimento em educação e pesquisa
Foto: ilustrativa/Pexels
Considero a educação a principal ferramenta para alcançarmos um país mais justo, desenvolvido e equilibrado. Ainda que cada pessoa procure melhorias à sua maneira, o caminho para o crescimento de uma sociedade sempre passará pela busca do conhecimento. Seja para empreender abrindo um pequeno negócio, se desenvolver enquanto ser humano ou para criar novas tecnologias digitais, sempre buscaremos o conhecimento para evoluir.
Não é incomum, por exemplo, vermos notícias relatando que países desenvolvidos apostam na evolução de suas nações através da garantia de uma educação de qualidade que tenha como pilares: a valorização do professor, incentivo à pesquisa e investimentos em boas estruturas. Mas, infelizmente, essa não é uma prática muito comum por aqui.
Neste mês de outubro, o Congresso Nacional aprovou um projeto que retira recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que seriam destinados a bolsas e apoio à pesquisa. Sabemos que o país passa por um momento economicamente complicado por conta da pandemia e de más administrações federais, tanto a atual como as anteriores, o que faz com que as reduções de verbas em diversas áreas possam até ser compreendidas em certa medida.
Porém, é completamente chocante saber que esse corte de verbas ao MCTI representa 92% dos recursos destinados aos incentivos à pesquisa neste ano. Serão R$690 milhões a menos que acarretará em cortes de bolsas de estudos e em suspensão de pesquisas já iniciadas. Pesquisas essas que, muito provavelmente, ajudariam na construção de políticas públicas, desenvolvimento tecnológico, avanços na saúde e em outros setores cruciais para o progresso do nosso país.
Não é minimamente razoável que reduções tão grandes de verbas sejam realizadas em áreas vitais para o Brasil. Em países que têm a educação como uma de suas prioridades, eu tenho certeza que ninguém se atreveria a cortar o orçamento de pesquisas, interromper o pagamento de bolsistas de mestrado ou doutorado sem critérios e justificativas claras.
Me antecipo e digo: ainda que tentem justificar esse corte de verbas como uma necessária redução de custos para a saúde econômica do país, alerto que essa seria uma alegação que não faz sentido diante da destinação de recursos para interesses puramente eleitorais, por exemplo. E digo isso porque, ao mesmo tempo em que o governo corta R$690 milhões que seriam investidos na busca por conhecimento, anuncia também que irá conceder auxílio a caminhoneiros que custará cerca de R$4 bilhões aos cofres públicos.
Não me oponho a programas de assistências para aqueles que mais precisam, mas desde que sejam projetos planejados dentro de um programa de governo que considere realmente quais são os reais problemas a serem solucionados para o bem em comum e não de maneira aleatória como foi apresentado esse auxílio a caminhoneiros. E, diante de tudo isso, a nossa educação é colocada de lado em detrimento de interesses puramente eleitorais ou por puro descaso.
Se queremos colher melhorias no futuro, precisamos priorizar aquilo que é fundamental hoje. E o financiamento pela busca do conhecimento é crucial para fazermos o Brasil avançar. É através do incentivo à pesquisa e da busca contínua por novos saberes que podemos nos desenvolver enquanto sociedade e transformar realidades injustas que estão à nossa volta. A cada pesquisa que é descontinuada ou programas de estudos que são suspensos, nosso país deixa de dar um passo para um futuro de crescimento.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.