É nosso dever defender a democracia
Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE
Não é de agora a existência de uma escalada de ataques às instituições democráticas do Brasil. No dia de ontem, tivemos mais movimentações despropositadas que incitam uma ruptura do nosso regime democrático. Ainda que tenham sido mobilizações abaixo das expectativas dos próprios organizadores, não podemos subestimar a animosidade desses que têm grande aversão ao avanço da garantia de liberdades civis. Até porque, toda essa movimentação antidemocrática tem o atual Presidente da República como um dos principais entusiastas.
Ao dar declarações em favor do descumprimento da Constituição Federal e em desrespeito às decisões do poder Judiciário no ato de ontem, Jair Bolsonaro flerta diretamente com o autoritarismo e ultrapassa todos os limites de uma democracia. Ele tenta a todo custo acirrar os ânimos e fomentar um cenário de cisão institucional. Não há mais possibilidade de tolerar tamanha arbitrariedade de um Presidente.
Nossa recente democracia foi construída a duras penas, inclusive por muitos brasileiros e brasileiras que deram suas vidas para reconstituir este regime em nosso país. Por isso, é sempre fundamental defendermos essa conquista e lembrarmos que é através deste modelo de governo que se torna possível promovermos a proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, de religião e as oportunidades de participação na vida política, econômica e cultural da sociedade.
Tenho a plena certeza de que só podemos encontrar o caminho de melhorias, quando temos a chance e liberdade de construirmos mais espaços de diálogos para elaborar políticas públicas que superem problemas da nossa sociedade. Não será através da supressão de um regime democrático garantidor desses direitos, que iremos alcançar dias melhores. Muito pelo contrário, a história do nosso país e acontecimentos recentes em outras nações nos mostram o quanto regimes ditatoriais são ou foram nocivos para seu povo.
Além da retirada de garantias fundamentais em períodos ditatoriais causar estragos impiedosos para aqueles que estão vivenciando o momento, esse sistema de governo também causa problemas no desenvolvimento social e econômico do país que pode perdurar por longos anos e afetar futuras gerações. Logo, a aplicação da censura, da falta de eleições transparentes, da liberdade partidária e um intenso controle do Estado na vida dos cidadãos tende a provocar uma tragédia irreversível para o presente e futuro de uma nação.
Inclusive, se só as turbulências na política de um governo que flerta a todo tempo com o autoritarismo têm influenciado negativamente o cenário econômico do país e as relações internacionais, imagina o que seria do Brasil sem suas instituições democráticas e governado a base de decisões arbitrárias?
As repercussões no exterior que estão sendo noticiadas nos últimos dias não têm sido nada positivas sobre nosso cenário. Tem se tornado cada vez mais comum representantes diplomáticos da Europa e Estados Unidos relatarem preocupação com os ataques à democracia promovidos pelo atual governo federal e suas consequências para os assuntos mais importantes que o país deveria estar focado neste momento.
Por isso, diante de tantos arroubos autoritários na tentativa de extinguir nossas instituições democráticas, é importantíssimo reafirmarmos sempre que não há futuro digno sem democracia! É nosso dever defendê-la, principalmente neste período de agitações tiranas. E se precisarmos de mais algum alento para seguirmos firmes neste momento turbulento, lembro que mais de 75% dos brasileiros são favoráveis à democracia, segundo uma pesquisa recente do Datafolha.
Ou seja, somos maioria e não devemos nos calar diante dessa sanha autoritária e inconsequente do irresponsável Bolsonaro. Sigamos acreditando que a nossa democracia pode e deve ser melhor, mas sem dar espaço para déspotas. Apesar ‘dele’, “amanhã há de ser outro dia” para seguirmos construindo uma democracia com mais diálogo, respeito e muito trabalho.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.