Cidadania

Na falta de competência e popularidade, a busca tem sido pelo caos

Colunista On: Isabela SousaAtivista pela redução das desigualdades e fundadora do Move Bahia
Na falta de competência e popularidade, a busca tem sido pelo caos

Foto: Marcos Corrêa/PR

 


Vivenciamos uma das maiores crises sanitárias dos últimos séculos aliada a uma conturbada administração do governo federal. Infelizmente, esse é um cenário mais do que propício para amplificar problemas em inúmeros outros setores sociais. 


Na semana passada, o ‘Índice de miséria’ no Brasil, calculado pela LCA Consultores, apontou que o país atingiu 23,47 pontos em maio. Esse é o dado mais recente e o maior valor alcançado desde o início da série histórica, em 2012. 


Esse recorde negativo, obviamente, ocorre devido à aceleração da inflação, crescimento do desemprego, aumento do custo de vida e queda da renda de brasileiros(as). Em quadros como esse, o que mais precisamos são de gestores qualificados e comprometidos com planos de ações que possam reduzir danos e garantir uma vida minimamente digna para a população.


Entretanto, quando analisamos os atos da gestão federal ao longo dos últimos anos e, principalmente, desde o início da pandemia, percebemos que tudo que tem sido apresentado não é nem de longe o mais adequado para vencermos esse período de tantos dramas.


Até compreendo que lidar com essa situação trágica da pandemia não seja uma tarefa fácil para gestores públicos. Porém, as ações apresentadas pela Presidência da República são completamente distantes das necessidades atuais da população. Além de todo negacionismo científico para conter a pandemia, o governante realiza uma grande investida no caos e na fuga dos reais problemas que nosso país enfrenta. 


Não são poucas as declarações e ações do presidente que provocam estresse entre os poderes e acabam por desvirtuar a atenção de cenários que realmente precisam de uma solução urgente para todo brasileiro(a). 


Na semana passada, por exemplo, no intuito de tentar exibir força, o ocupante do Palácio do Planalto orquestrou um desfile militar da Marinha em frente à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Obviamente, uma clara tentativa de intimidar os parlamentares e as Cortes superiores, que têm provocado certo incômodo a suas tentativas de instituir um regime autoritário.


Além desse espetáculo deprimente de afronta  à democracia, Bolsonaro também disparou, na última segunda-feira (16), uma mensagem convocando seus apoiadores a se manifestarem no dia 7 de setembro em apoio a um ‘provável e necessário contragolpe’ do mandatário e das Forças Armadas. 


A tentativa de criar dúvidas sobre nosso regime democrático e o processo eleitoral não é de agora. Há meses, o presidente também tem feito um esforço hercúleo para pautar a volta do voto impresso, quando poderia, por exemplo, reunir forças e foco para debater os desafios do ensino semipresencial durante a pandemia e a concessão de internet aos alunos de baixa renda e aos professores.


Acredito que não seja novidade para muitos, inclusive para mim, mas fica cada vez mais claro para maioria da população que o presidente não se importa com o futuro do país e dos brasileiros (as). Além de não apresentar projetos de melhorias para enfrentarmos essa atual realidade complexa, Bolsonaro só busca o caminho do confronto numa estúpida tentativa de manter seus apoiadores mobilizados enquanto o país segue ladeira a baixo.


E esse caminho do conflito, da gritaria, das ameaças e do ódio não soluciona os problemas da alta do desemprego, da falta de comida na mesa, da inflação e de outras adversidades que vivenciamos. A verdade é que, além de ampliar esse quadro de miséria, essas ações desse que ocupa, momentaneamente, a cadeira da presidência  promovem  incertezas para o futuro do nosso país e nos expõe a uma vergonha internacional. 


A realidade é que a popularidade do governo federal tem sido cada vez menor e, diante da falta de capacidade administrativa, sua única saída tem sido a busca pelo caos para tentar se reeleger na próxima eleição. Enquanto isso, sofremos com essa insana falta de humanidade de um Presidente da República que só investe no conflito. 


Não tenho dúvidas de que poderíamos estar vivenciando uma realidade muito menos nociva se tivéssemos um governo em favor da vida, da manutenção dos empregos e comprometido com a dignidade humana que todo brasileiro merece. Mas não percamos a esperança! O futuro não demora e podemos trabalhar em favor da construção de um Brasil melhor apesar dos pesares.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.



 

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Isabela Sousa

Isabela Sousa

Ativista pela redução das desigualdades, filha mais velha de quatro irmãos e fundadora do Move Bahia. Essa é Isabela Sousa, uma jovem de Campinas de Pirajá que cresceu sentindo na pele as dificuldades de uma realidade periférica de Salvador. Hoje, é uma formanda em Direito que sonha pela igualdade de oportunidades e tem a educação como pilar das transformações que a sociedade precisa. Aos 25 anos, Isabela já foi embaixadora do movimento Mapa Educação, é Líder Estadual do Movimento Acredito e representou o Brasil no maior congresso de jovens líderes do mundo, o One Young World, em Londres.

Instagram: @isabelasousaba

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