A luta pelo fim da violência contra a mulher é uma luta pela vida
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A violência contra a mulher é um reflexo de questões de ordem social e cultural que se manifesta de diferentes formas em diversas localidades do mundo. São atos de crueldade praticados contra nós, mulheres, pelo simples fato de sermos mulheres. Uma conduta enraizada em um sistema social construído para que homens sempre tenham o poder de decisão e ocupem funções de liderança política, familiar e profissional, desfrutando de privilégio social.
Esse contexto faz com que muitos homens acreditem possuir controle sobre as mulheres. E esse controle, em inúmeras circunstâncias, tende a gerar situações de perseguição e extrema violência. São casos que ocorrem tanto em espaços públicos quanto na vida privada. Por muitas vezes, esses atos de violência são cometidos por pessoas que a mulher conhece, convive e em quem confia ou confiou por muito tempo.
É sempre importante destacar também, que, a violência contra nós mulheres é uma forma de violência de gênero, a qual também inclui-se todo tipo de agressão contra mulheres cisgênero ou não cisgênero. E essas violências não se restringem apenas às agressões físicas. Compreende-se que todo ato lesivo que resulte em dano psicológico, sexual e patrimonial também são violências que podem ser enquadradas neste crime.
Infelizmente, aqui em nosso estado, tivemos este ano um aumento de 12,5% dos casos de violência contra as mulheres em relação ao ano de 2020. Segundo o Ministério Público da Bahia, são cerca de 27 novos casos diários de violência desse tipo. Uma triste marca que demonstra o quanto a nossa sociedade ainda está mergulhada em relações machistas e misóginas.
Em tempos de pandemia e isolamento social, onde as mulheres ficam mais tempo em casa, na companhia de parceiros e familiares, o número de casos e denúncias sobre violências aumentou significativamente. Isso porque, lamentavelmente, em muitos desses casos, o agressor está na própria residência da vítima.
No início da pandemia, entre março e abril de 2020, o número de feminicídios cresceu 22,2% quando comparado com o mesmo período de 2019, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Ligue 180, central nacional de atendimento à mulher criado em 2005, teve um crescimento em 34% nas denúncias neste período inicial da pandemia.
Recentemente, casos em que famosos agridem mulheres têm chocado milhares de brasileiros e suscitado grande repercussão nacional. O caso envolvendo o DJ Ivis, por exemplo, foi filmado e expôs o quanto a violência contra nós mulheres ocorre sem qualquer pudor em frente de outras pessoas, dentro de nossos lares e o agressor não tem um perfil definido, podendo ser quem menos esperamos.
A solução para darmos um basta nessas cruéis relações abusivas passa, inevitavelmente, por caminhos longos, porém super necessários. Um deles é exigir que a Justiça seja mais rigorosa com aqueles que cometem esse tipo de violência. E, mais do que isso, é crucial a formulação de políticas públicas que combatam alguns padrões culturais da nossa sociedade, que constroem uma imagem objetificada do corpo feminino.
É preciso reformular essa estrutura social que nos condena a incessantes agressões e até mesmo à morte. Promover campanhas educacionais que modifiquem condutas e modos de pensar é fundamental para que toda mulher seja livre e tenha o pleno direito a uma vida digna e sem ser violentada.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.