Mesmo com os contratempos, nunca deixe de sonhar por uma Bahia melhor
Crédito da foto: ilustrativa/Carol Garcia
Completamos um ano e três meses de um cenário de pandemia que amplificou problemas já existentes, provocou novos quadros de dificuldades e já gerou mais de meio milhão de vítimas no Brasil. Definitivamente não tem sido fácil para a população brasileira lidar com esta situação, sobretudo para os mais pobres. É tudo ao mesmo tempo: desemprego, isolamento social, crescimento da violência, restrição econômica e fome. E mesmo esta crise sanitária ocorrendo já durante um longo período, ainda trata-se de uma vivência nova que gera desgastes e redução de expectativas positivas.
E observando mais especificamente a nossa realidade baiana, a conjuntura se torna ainda mais complicada. Temos problemas estruturais históricos e um quadro de resultados negativos na organização estadual em áreas cruciais para alcançarmos uma vida mais digna. Além de sentirmos na pele essa realidade indesejável, ela se expressa acentuadamente nas estatísticas e rankings de pesquisas que revelam números nada agradáveis já há algum tempo. Seja no plano educacional, na segurança pública, na geração de emprego ou saúde, os resultados demonstram que a Bahia acaba se tornando um estado imerso num panorama de estagnação e de pouca esperança para os baianos.
Quando analisamos a educação pública da Bahia durante a pandemia, por exemplo, os índices são bem decepcionantes. Num levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre março e outubro de 2020, a Bahia ficou em último lugar em um ranking brasileiro de educação pública à distância. Apesar do ano atípico, a realidade é que houve pouca ou nenhuma disposição para ofertar uma educação à distância semelhante a que outros estados e redes do ensino municipal já realizam. Só neste ano atentaram-se em estruturar um programa de aulas remotas. Antes tarde do que nunca.
Mas, ainda assim, desconsiderando esse ano de crise pandêmica, os resultados da educação em anos anteriores também são negativos. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) ano passado, a Bahia teve o terceiro pior desempenho do Brasil entre os alunos do Ensino Médio. Já nos anos finais do Ensino Fundamental, nosso estado ocupou o penúltimo lugar no ranking nacional. A educação precisa ser nossa principal ferramenta para reduzir as desigualdades sociais e não pode ser tão desvalorizada como vem sendo em nosso estado.
E, infelizmente, essa realidade incômoda acaba não se restringindo só à educação. Outros setores fundamentais como a segurança pública e saúde também possuem indicadores negativos na Bahia. Podemos observar que, no Atlas da Violência 2020, em documento produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia é apontada como o estado com maior número de homicídios no país pelo quarto ano consecutivo. E na saúde, mesmo estando em pandemia, nosso estado foi o que menos investiu de forma per capita recursos próprios no sistema de saúde em 2020, segundo dados publicados pelo CREMEB [Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia].
Outro fator que também têm gerado preocupação em todos nós baianos é a falta de expectativas na geração de emprego. Os dados divulgados pelo IBGE, referente ao primeiro trimestre deste ano, apontaram que nosso estado tem o pior índice de desocupação do Brasil. Óbvio que a pandemia tem agravado este cenário, sobretudo com a má condução da gestão federal para auxiliar os estados e municípios na redução dos problemas que essa crise tem causado. Entretanto, o índice de desemprego na Bahia já tem sido consideravelmente grande em anos anteriores também.
Compreendo que todas essas circunstâncias não inspiram um futuro de prosperidade para grande parcela dos baianos. Porém, são em momentos de tantos contratempos como esse que podemos encontrar uma unidade para construir novos ares. É preciso reagir e buscar novas estratégias para tirar nossa Bahia dessa zona de imobilidade.
Em um estado de tantas histórias de lutas, com um povo diverso e com tamanha riqueza cultural, a população merece muito mais do que tem sido apresentado até o momento. É hora de reaquecermos a esperança e trilhar em favor de uma Bahia com desenvolvimento sustentável e aliada da inovação, da redução de desigualdades e do empreendedorismo. Nunca deixemos de sonhar por uma Bahia melhor! É possível!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.