Repetitiva e sem criatividade, nova temporada de De Volta aos 15 entrega episódios entediantes e menos elaborados
A segunda temporada de "De Volta aos 15" começa da pior maneira possível. Apesar de ir melhorando progressivamente o rumo da sua narrativa, o início do ano 2 da série é decepcionante, porque o cliffhanger* deixado em 2022 é subaproveitado. A maneira como a inserção de Joel no universo das viagens no tempo acontece é tão mal apresentada que a organicidade demora a se estabelecer na obra.
Os diálogos são sofríveis e isso também interfere na dinâmica do elenco, que revela dificuldade de contracenar e proferir aquelas falas. A grande questão aqui é que o texto parece querer ser cheio de referências à 2006, mais do que trabalhar nas relações e conflitos das personagens. Para colocar piadas e jogos de palavras, os roteiristas forçam a barra e os atores não conseguem dizer nada sem soar falso.
No entanto, há uma força na base desta história, que vem da construção de afeto pelas personagens, algo que já foi estabelecido previamente. Além disso, ao passo que a trama avança, os enlaces e desenlaces do enredo vão se tornando mais coesos. Isto porque as peripécias criadas para resolver o cliffhanger da primeira temporada rapidamente passam a ser revertidas e começam a fazer mais sentido dentro da lógica da personalidade de cada um em cena.
Além disso, apesar de algumas mudanças nos pareamentos dos casais centrais da produção, esta reorganização dos romances pareceu acertada, o que traz atenção para o melhor elemento desta nova season! O ganho mais intenso aqui é o fato de que a equipe do seriado consegue encerrar um ciclo da vida da protagonista Anita (Maísa/Camila Queiroz), sem fechar as possibilidades para novos problemas.
Assim, a chance de criar conflitos posteriores fica intacta, ainda que 2006 esteja superado para Anita. Esta impressão se confirmou quando o terceiro ano da obra foi anunciado como De volta aos 18. Mesmo que esta que vos escreve não soubesse deste fato quando assistiu aos episódios de 2023, a sensação de encerramento de fase ficou nítida e bem ajustada. Anita finaliza a sua jornada, mais amadurecida e em paz com os seus 15 anos.
De toda maneira, há uma falha aqui em manter a qualidade técnica. Para além do tom artificial no trabalho dos atores e dos roteiristas, a direção e a montagem parecem menos inventivas neste segundo ano. Com menos mudanças nas velocidades, o ritmo da série é afetado e deixa uma sensação de que os episódios estão mais lentos.
Para um produto que se coloca para o público jovem, talvez fosse necessário pensar mais na decupagem e em seus cortes, para evocar um dinamismo mais intenso. É por isso que De Volta aos 15 acaba ficando difícil de ver até o seu final. Mesmo que conte com personagens carismáticas, que já conquistaram a simpatia dos espectadores, a sua segunda temporada é cansativa e até mesmo repetitiva, por trazer momentos semelhantes ao que já havia ocorrido.
O interesse vai permanecer mais para os millennials nostálgicos, que sentem saudade de ter Orkut e flogs. Desta forma, sendo de nicho ou não, seriados devem ser mais do que um fan service para uma comunidade tão específica. Mas, talvez, os plots de 2009 sejam mais interessantes. Somente o tempo dirá…
*Cliffhanger: é a interrupção de um grande acontecimento antes que ele seja concluído
Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.