Saúde e Bem-Estar

'Perfeição' das redes sociais é uma ilusão que afeta cada vez mais pessoas

Colunista On: Bianca RamosFelicitologia e Psicologia positiva
'Perfeição' das redes sociais é uma ilusão que afeta cada vez mais pessoas

Hoje estou escrevendo para você que não consegue parar de arrastar a tela e que passa mais de 30 minutos por dia nas redes sociais. Se identificou? Então te convido a vir comigo nas próximas linhas, afinal, hoje teremos uma conversa fundamental sobre isso. 


Para começar, quero trazer um estudo muito recente realizado com alunos da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Durante o estudo, a Psicóloga Melissa Hunt e sua equipe investigaram o papel causal potencial que a mídia social desempenha na relação com a depressão e a ansiedade. 143 alunos da University of Pennsylvania foram divididos aleatoriamente em dois grupos: o grupo A tinha um limite para usar o Facebook, Instagram e o Snapchat a 10 minutos, por plataforma, por dia, enquanto que o grupo B poderia utilizar a mídia social normalmente por três semanas, ou seja, sem limite de tempo.


O acompanhamento semanal ocorreu e, como resultado, o grupo A, que teve o uso limitado da tecnologia, mostrou reduções significativas na solidão e depressão ao longo de três semanas, quando comparamos com o outro grupo de alunos. Assim, podemos dizer que, com os resultados obtidos a partir desse estudo, limitar o uso de mídia social para aproximadamente 30 minutos por dia pode levar a uma melhora significativa no bem-estar.


Nesse momento, imagino que pode estar se perguntando: 'por que isso acontece'? 


Bom, por vários motivos. Não iremos conseguir esgotar todas as reflexões e conceitos que envolvem essa reposta, mas irei trazer aqui alguns desses motivos para que você possa repensar como vem utilizando as mídias sociais no seu dia a dia. Para isso, vou trazer algumas perguntas importantes:


Quantas vezes você já se sentiu triste depois de passar um tempo no Instagram? Ou frustrada(o) com você mesmo por não ter aquela produtividade? Ou aquele corpo daquela influenciadora? Ou o dinheiro que aquela celebridade tem? 


Então, esse é um dos efeitos da aparente perfeição que vemos nas redes sociais. Olhamos para feeds organizados, stories com filtros que trazem aparentes sorrisos e grandes realizações e, inevitavelmente, pensamos: “por que minha vida não é assim? Será que não sou boa o suficiente? Por que não consigo alcançar o que quero? Por que tenho sofrido assim?”. Ou seja, quando você olha para a vida de alguém, principalmente no instagram, é fácil concluir que a grama do vizinho é mais verde que a sua. Nesse sentido, está cada vez mais claro que postagens, curtidas e comentários podem contribuir para sentimentos de perfeccionismo, ansiedade e até mesmo negatividade corporal.


A perfeição das redes sociais é uma ilusão que, infelizmente, está cada vez mais forte nos dias de hoje. Em verdade, isso existe desde que as redes sociais existem, mas parece que o fenômeno das vidas aparentemente perfeitas está crescendo mais. Nesse cenário, num looping de autoafirmação, pessoas tentam cada vez mais parecer que vivem bem e que estão sempre bem, mesmo com o mundo passando por um verdadeiro caos. 


Imagine vivendo em plena pandemia, você com suas emoções desafiadores, com os casos de Covid-19 cada vez mais perto e sentindo todos os fatores estressores ocasionados por este cenário e, ainda, olhando para as mídias sociais e percebendo pessoas aparentemente muito bem, sem emoções negativas, continuando a prática de exercícios físicos, alimentação saudável e com uma família sem conflitos. Quero te convidar a pensar exatamente nessa situação que acabei de descrever. Desafiadora, não é mesmo? Pois, então, temos vivido isso diariamente, mesmo que inconscientemente.  


Atualmente, a neurociência traz dois pontos muito importantes para observarmos: 


O primeiro diz respeito ao fato de que esse perfeccionismo aparente das redes sociais está adoecendo as pessoas. Isso acontece pois, ao olhar uma vida aparentemente perfeita, mesmo que no nível inconsciente, você se compara – como falamos anteriormente. Com essa comparação, você olha para o seu dia a dia e não enxerga a perfeição na sua própria vida. Ah, um lembrete importante: é claro que você não irá enxergá-la, pois a perfeição é inalcançável (afinal, somos seres humanos e não máquinas). Mas, infelizmente, as redes sociais trazem uma ideia de que a perfeição é possível.


O segundo ponto é que a pessoa que está aparentando a perfeição, em seu íntimo, possivelmente utiliza isso como ferramenta para esconder as suas próprias dores. A grande questão é que, ao fazer isso, ela só aumenta suas “sombras”, pois não está olhando para o que precisa olhar, se quiser uma vida mais feliz. 


Conseguimos então perceber que, realmente, é uma relação em que todas as partes envolvidas sofrem, de alguma forma. Mas, ainda assim, essa é a atual realidade quando falamos de redes sociais. 


Com isso, já chegando ao final do nosso texto, quero te fazer um convite composto de duas partes: a primeira é que você reduza o seu tempo nas redes sociais. Vá aos poucos diminuindo, até chegar em 30 minutos por dia. Afinal, como já vimos, limitar o uso de mídia social para aproximadamente 30 minutos por dia pode levar a uma melhora significativa no bem-estar. Já a segunda parte do meu convite é que você comece a desconstruir uma imagem de “vida perfeita”, aceitando que a imperfeição existe e é inerente ao ser humano. Sei que é desafiador, mas precisamos ser honestos com nós mesmos e perceber que está tudo bem não ficar bem o tempo todo, é natural e faz parte. Todas as emoções são legítimas e fazem parte do que nos diferencia como seres humanos. 


Assim, ao invés de olhar para o feed, por que não dividir esse tempo com o “olhar para dentro de si mesmo? Posso te garantir que será uma longa jornada mas que sempre vale a pena, por mais desafiador que possa ser.


Chegamos ao final do texto de hoje. Como sempre digo: se essas linhas te trouxeram alguma reflexão, minha missão foi cumprida.  


E lembre-se: nada adianta conhecimento se não o colocarmos em prática. 


Com carinho, 

Bianca Ramos.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Bianca Ramos

Bianca Ramos

Bianca Ramos tem como propósito ajudar pessoas e empresas a terem mais bem-estar com base na Neurociência e na Psicologia Positiva. Head de Felicidade da Cazulo - Academia do Propósito, Bianca realiza mentorias individuais e em grupo, treinamentos corporativos e palestras com foco em contribuir para desenvolver a felicidade nos ambientes diversos. Bianca é umas das mulheres certificadas pelo Instituto Gallup para a metodologia Clifton Strengths, membro em formação na Happiness Studies Academy e Pós Graduanda em Psicologia Positiva e em Neurociência e Comportamento, pela PUC-RS.

Instagram: @biancaramos.f

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