A dor pela perda do animal de estimação: processo de luto é individual e pode apresentar manifestações físicas
Foto: ilustrativa/Pexels
No mês de outubro foram comemorados o dia Mundial de Combate à Dor e o Dia mundial de Cuidados Paliativos, marcos que foram criados com o intuito de conscientizar a população sobre dois tópicos de grande importância e que levam ao sofrimento de milhares de pessoas. Refletindo sobre estas datas, pensei em abordar um tema diferente.
A dor apresentada por aqueles que perdem os seus animais de estimação, companheiros de caminhadas e de atividades simples realizadas no dia a dia. Para muitos, a morte de um animal de estimação significa a perda de um “membro da família”, de um companheiro, capaz de preencher muitos vazios e de ser fonte de cuidado e de amor. As vezes eles representam a única fonte de apoio que permanece estável durante as muitas mudanças experimentadas pelos seres humanos nos diferentes momentos da vida.
Estudos demonstram que o Brasil é o terceiro país do mundo com maior número de animais domésticos. Segundo a Abinpet, Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação são 139,3 milhões de animais de estimação, dos quais 54,2 milhões são cães, 23,9 milhões são gatos, 19,1 milhões são peixes, 39,8 milhões são aves e mais de 2,3 milhões são representados por outros animais. Independente do tipo de animal escolhido, o que importa em verdade é que eles traduzem 139,3 milhões de histórias de vida e de grandes paixões.
Neste contexto, é natural que, ao se deparar com o adoecimento e a partida do objeto de um sentimento tão puro e intenso, observe-se também o surgimento de uma imensa tristeza, a qual deve ser conduzida com cuidado. É importante que, ao olhar para este momento e para o processo de luto por ele desencadeado, seja ele em adultos e até mesmo em crianças, que se busque compreender e acolher este sentimento. Muitos se mostram fragilizados e se isolam do convívio social. Nesses casos, é fundamental que aqueles que se sintam assim peçam ajuda especializada, no intuito de evitar que a tristeza cristalize e se transforme em algo muito maior. É preciso ressignificar estas sensações e seguir em frente de forma mais tranquila. Para isto, deve-se incentivar a busca de atividades que venham a preencher o vazio deixado pela ausência do animal de estimação.
Inicialmente, pode ser difícil até mesmo falar sobre o ente querido, ter medo de trazer à tona memórias inclusive de outras perdas vivenciadas ao longo da vida. Lembrar de que somos humanos, de que a vida é um ciclo e de que temos sentimentos pode ser o primeiro passo para a superação deste momento. Cada um terá uma maneira própria de interpretar o vazio e a dor da perda. O processo de luto é totalmente individual, podendo se manifestar não apenas como um sofrimento emocional, mas também através de manifestações físicas. Muitos indivíduos apresentam sudorese, alterações imunológicas, palpitação, problemas digestivos e até mesmo alterações dos hábitos alimentares e de sono.
Segundo Elizabeth Kubler-Ross, médica psiquiatra e pioneira no campo dos cuidados paliativos, o luto pode ser vivenciado através de cinco etapas, as quais são representadas pela negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Hoje acredita-se que nem todos vivenciam todas as fases e que não necessariamente elas representam uma sequência.
O processo de luto é natural e até mesmo esperado. Independente da sua causa, existem maneiras saudáveis de lidar com ele. Respeite os seus sentimentos. Dê tempo ao tempo. Busque dividir os seus pensamentos e traga para o seu dia a dia atividades que possam trazer de volta a alegria de viver. O processo de luto saudável sempre tem fim. Aos poucos aprendemos que a saudade sempre existirá.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.