É possível tratar a dor lombar durante a gravidez
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A dor lombar é um problema musculoesquelético significativo durante a gravidez com potencial de afetar negativamente a qualidade de vida da mulher. Estudos demonstram que a prevalência estimada de lombalgia na gravidez é de 30 a 78%. Um terço das mulheres com dor lombar relata dor intensa, entretanto, uma proporção significativa destas não procura atendimento para sua dor. Estes dados são preocupantes, pois a dor lombar está associada a redução do engajamento social, a alteração do padrão do sono, a perda da mobilidade, da produtividade e do desempenho sexual. Muitas das mulheres com lombalgia experimentam seu primeiro episódio de lombalgia durante a gravidez.
Apesar dos efeitos incapacitantes da lombalgia na gravidez, esta geralmente não é tratada e é considerada normal, uma queixa inevitável deste período da vida da mulher. Compreender a prevalência e os fatores de risco para lombalgia durante a gravidez e suas associações com as atividades da vida diária é fundamental para modificar os dados atuais. A causa exata da lombalgia na gravidez é pouco conhecida, muitas vezes considerada de natureza multifatorial e associada a alterações biomecânicas, vasculares e hormonais durante a gestação.
Alguns fatores de risco têm sido discutidos, tais como trauma pélvico, idade jovem, multiparidade, lombalgia crônica e história de lombalgia na gravidez anterior. Só através de um atendimento pré-natal cuidadoso será possível identificar estes elementos e principalmente quais as mulheres propensas a desenvolver dor lombar e atuar de forma preventiva neste contexto.
Existem diferentes propostas de prevenção, sejam elas primárias ou secundárias. Dentre as medidas primárias, encontra-se a educação da paciente no que diz respeito ao autocuidado envolvendo a alimentação e a prática de atividade física orientada. A prevenção secundária representa o tratamento precoce da dor lombar, evitando desta forma o sofrimento e o desconforto da gestante. Sabe-se que o tratamento da dor envolve a utilização de estratégias farmacológicas e não farmacológicas. As medidas farmacológicas envolvem a administração de analgésicos, muitos dos quais não são recomendados durante a gestação.
Os riscos à saúde associados ao uso de alguns medicamentos na gravidez são bem documentados e representam problemas relacionados ao feto e a evolução da própria gestação. A automedicação neste contexto torna-se um problema ainda maior. É preciso que a condução da dor durante a gestação seja orientada por uma equipe especializada, formada pelo obstetra, pelo algologista e por diferentes profissionais da área de saúde.
Intervenções não farmacológicas, como acupuntura, microfisioterapia, manipulação de tecidos moles, educação postural, exercícios de estabilização e estimulação elétrica nervosa transcutânea, são consideradas eficazes no tratamento da dor lombar durante a gravidez e são recomendadas como primeira linha para o tratamento de lombalgia na gravidez. Nos casos refratários, encontra-se indicada a realização de bloqueios analgésicos. Apesar das técnicas disponíveis o sofrimento da gestante com dor lombar ainda é algo preocupante. Só através de uma abordagem integrada e de um olhar proativo será possível modificar esta realidade.
A escolha deste conteúdo para a coluna desta semana ocorreu em função da observação de que setembro é o mês de comemoração do dia mundial de segurança do paciente, o qual tem por tema este ano, a gestação e o parto seguro e respeitoso.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.