Cantora denuncia agressão da PM após restaurante impedir amiga travesti de usar o banheiro; "deu uma botada no meu rosto"
"É um absurdo que a gente tenha que passar por essas situações. Seria um insulto da minha parte não querer denunciar. É algo que é muito maior que eu, vai muito além de mim.”, desabafa.
Com o nome artístico de "A Ninfeta", a cantora trans Nathália Araújo utilizou as redes sociais para fazer uma denúncia séria contra a Polícia Militar. Ela alega ter sofrido uma abordagem truculenta na madrugada de quinta para sexta-feira (7 e 8/4).
No vídeo, Nathália relatou ter sido agredida após uma confusão no estabelecimento Portal do Mar. Na gravação, ela afirma que após uma amiga, travesti, tentar usar o banheiro do local, foi impedida por funcionários do restaurante, que agrediram elas com barras de ferro e chamaram a polícia. Após a chegada dos militares, elas foram agredidas e A Ninfeta revelou que foi agredida no rosto após se recusar a ser revistada por um agente do sexo masculino.
Veja o vídeo:
Em entrevista ao Aratu On, a cantora detalhou como foi o ocorrido e o que pretende fazer após a repercussão do caso. Segundo Nathália, ela e um grupo de amigos estavam conversando do outro lado da rua, de frente para o restaurante. Em um momento, uma das amigas foi até o Portal do Mar para usar o banheiro, enquanto os demais seguiram conversando. Pouco tempo depois, percebeu uma movimentação estranha e viu que funcionários do local estavam gritando com sua amiga.
“Os garçons gritavam com ela, dizendo que se quisesse usar o banheiro teria que pagar cinco reais, que ela não ia usar o banheiro. E aí eles começaram a ofendê-la... humilhar, mesmo”, relata.
Neste momento, ela teria partido em defesa da amiga, questionando o motivo das agressões. “Porque você está humilhando ela? Quem é você? Você não é nem o dono do lugar, você é funcionário. Não tem direito de estar xingando ela!”, disse a cantora.
A partir daí, A Ninfeta conta que eles começaram a ameaçá-las e, em determinado momento, pegaram barras de ferro para bater nelas. Nathália disse, ainda, que apareceu um homem vestido de preto que também participou das agressões verbais e chamou a polícia.
Cantora denuncia estabelecimento em Salvador de agredir grupo de pessoas LGBT. Saiba mais em instantes. pic.twitter.com/PpDAiOjedh
— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) April 8, 2022
'ME DEU UMA BOTADA NO ROSTO'
No momento em que os militares chegaram, a situação ficou ainda mais dramática. A vítima conta que os homens já chegaram com muita violência, inclusive colocando armas nos rostos delas. “Eles chegaram muito violentos. Foi uma abordagem muito truculenta. Um policial colocou a arma na minha cara e mandou eu levantar as mãos para me revistar”.
Ela, então, questionou a ausência de uma policial feminina na abordagem e que, por ser mulher, não aceitaria ser revistada por um homem. “Foi aí que ele se retou e me deu um tapa no rosto. Na verdade, usando o baianês, ele me deu uma botada no rosto”, revelou.
Após a agressão, os agentes foram revistar as demais pessoas do grupo. Revoltada com a agressão, Nathália foi até o comandante da operação e falou ser filha de policial civil e parente de PM. “Eu sei como vocês agem”. Neste momento, um policial ameaçou a artista, dizendo que a levaria para passar a noite na delegacia por estar "muito ousada".
Durante nossa entrevista, Nathália afirmou que foi tratada como criminosa e culpada pela situação. Ela ainda relatou que os funcionários fecharam o estabelecimento após a confusão, e que os policiais não procuraram eles para averiguar o ocorrido.
Agora, a jovem e a amiga correm contra o tempo para cumprir os procedimentos burocráticos para denunciar o caso para a corregedoria da polícia. “Eu liguei para o Ministério Público e eles me orientaram a fazer um B.O, um exame de corpo e delito no Instituto Médico Legal e levar a denúncia na corregedoria.”, disse.
Por fim, ela ainda disse que a motivação para divulgar o vídeo e procurar as medidas cabíveis é punir os envolvidos e conseguir respeito para as pessoas do grupo LGBTQIA+. “É um absurdo que a gente tenha que passar por essas situações. Seria um insulto da minha parte não querer denunciar. É algo que é muito maior que eu, vai muito além de mim.”, desabafa.
O Aratu On solicitou um posicionamento da PM. Assim que o receber, será acrescentado nesta matéria.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Juana Castro
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